Radar Técnico – Reprodução

Tecnologia e conhecimento criam atalhos
Ferramentas importantes são a inseminação em tempo fixo, a democratização da transferência de embriões e o uso do Doppler para o diagnóstico de gestação
A pecuária vive um momento de extrema disponibilidade tecnológica e a reprodução é um dos principais campos em que o avanço é notório para benefício do pecuarista. Quem fala em observação de cio hoje? Ninguém, pois foi substituída pela inseminação em tempo fixo em curto espaço de tempo. A venda de doses de sêmen dobrou em dez anos, com estimativa de que hoje 12% das matrizes aptas à reprodução sejam inseminadas. E a ultrassonografia? Cada vez mais atualizada, sendo a fronteira as análises com Doppler, que permitem a identificação da prenhez cada vez mais cedo.

Há pouco tempo, o Doppler era restrito à academia. Hoje, temos o equipamento com uso a campo, permitindo a aceleração das tecnologias de reprodução animal e avanço na evolução genética. Com a gestação identificada próximo dos 22 dias, é possível aplicar programas de ressincronização precoce, impactando na redução do intervalo entre inseminações; assim, as vacas emprenham mais cedo, os bezerros nascem nas melhores épocas e há mais tempo para recuperação para a vaca. É um ciclo virtuoso. Além disso, o equipamento permite ao técnico capacitado escolher as melhores receptoras que receberão embriões.
Tratando-se da transferência de embriões, seja a fresco, seja in vitro, segundo a Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões (SBTE), há uma estabilidade na produção em 375,5 mil embriões bovinos ao ano. No entanto, o que se vê no campo é a democratização da tecnologia. Uma alternativa interessante é usá-la estrategicamente no lugar da inseminação artificial no verão, pois apresenta bons índices e se tem a certeza de um bezerro de qualidade superior. Em rebanhos leiteiros, pode ser uma estratégia para a distribuição de nascimentos durante o ano. Além disso, os protocolos permitem o uso da técnica para a produção de carne de qualidade e em rebanhos de produção. Foi-se o tempo em que estava restrita ao gado de elite.

Se, por um lado, todas essas ferramentas estão disponíveis e devem ser bem usadas, por outro, é preciso cada vez mais ter maior rigor na definição de acasalamentos. Ao fazer essa definição, o pecuarista tem que ser futurista em suas escolhas e estar atento aos seus objetivos de criação e de seus clientes. O reprodutor, sêmen ou tipo animal que define hoje será a bezerra que o mercado irá demandar em dois anos. Ao buscar uma produção de leite a pasto ou um ganho adicional com um bezerro mais pesado, é preciso definir hoje o cruzamento e a raça que trará esse benefício. As escolhas devem sempre se basear em dados, uma vez que as informações estão cada vez mais disponíveis. Em complemento, nunca se deve esquecer da experiência de rebanho, do olhar técnico e do feeling do criador. São fatores que, somados, permitem o melhor produto para o mercado.
Paulo Roberto Tonin

Médico veterinário com atuação há 40 anos em reprodução. Presidente do Colégio de Jurados da Associação Brasileira de Criadores de Simental e Simbrasil (ABCRSS).
Luiz Rodrigo Ferraz de Almeida
Médico veterinário, especialista em Produção de Ruminantes e inspetor técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos da Raça Wagyu (ABCBR Wagyu).

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